URBANO DIVÃ mostra a produção mais recente de pinturas de Nitcho, artista que se debruça sobre a paisagem urbana a partir dos estudos do não-lugar e da heterotopia: o Espaço do Outro no conceito criado por Michel Foucault para falar de lugares reais que estão fora dos lugares ‘aceitos’. Nestes espaços estão contidos os conflitos, as tensões, o contraditório. Lugares dentro de outros lugares, que se tornam perturbadores para o que está fora. A produção de Nitcho reúne elementos e características desse Espaço do Outro, em que protagonistas e coadjuvantes desempenham seus papeis em uma profusão criativa constante.
Em VIAGEM À ITÁLIA, COM GOETHE, NIETZSCHE e SCHOPENHAUER, Paulo Gouvêa Vieira dá sequência à sua pesquisa em torno da água e seus reflexos da paisagem urbana e da natureza, desta vez guiado pelos autores citados no título da mostra, em suas respectivas viagens poético-filosóficas.Como num diário de bordo, Paulo fala de sua experiência tendo Goethe, Nietzsche e Schopenhauer como companheiros de viagem: “Tinha eu o mesmo objetivo de Goethe em 1786: chegar a Roma, ver de perto as obras de arte que durante uma vida estiveram sempre presentes na imaginação. Saí de Amsterdam com este objetivo. Pelo caminho, passei por outras cidades – Siena, Florença, Tirano. Uma vez em Roma, concentrei minha lente nas fontanas, observando e registrando as cores e formas nos reflexos das águas, “tanto no mundo como na metafísica do belo”, como disse Schopenhauer. Também o fiz à noite, como o fez Goethe, enaltecendo a importância do anoitecer em uma cidade. À noite, o silêncio fez surgir o som da água e, com ele, a inspiração para Nietzsche compor a letra da música Canto Noturno que ele incluiu no seu livro Assim falou Zarathustra. As formas que aparecem na água se dão pelo vento. Por ser invisível, o vento não é percebido. Para Goethe, a alma do homem é como água e o seu destino é como o vento.”