Josely Carvalho | Museu Nacional de Belas Artes

O Museu Nacional de Belas Artes – MNBA recebe a exposição individual “Diário de Cheiros: Affectio”, da artista brasileira, radicada em Nova York, Josely Carvalho. A mostra faz parte do projeto de acessibilidade e inclusão de novos públicos intitulado “Ver e Sentir”, trazendo a público a instalação visual, olfativa e tátil “Affectio”, exibida em diferentes espaços do museu.

Faz parte da exposição, ainda, a escultura “Marielle Franco”, em homenagem à vereadora da cidade do Rio de Janeiro, que foi brutalmente assassinada em 2018. A curadoria é assinada por Daniel Barreto da Silva, Rossano Antenuzzi e Simone Bibian.

Incomum no panorama das artes, pautado quase sempre pela visualidade, o estímulo do sistema olfativo é a chave-mestra para a poética de Josely Carvalho, artista que tem desenvolvido uma obra cuja matriz é a criação de imagens sensoriais a partir do aprisionamento e a dispersão de cheiros conceituais que a artista vem realizando desde 2010. Atenta à realidade política e social, Josely tece comentários críticos à contemporaneidade.

A instalação “Affectio” é construída por seis mesas de aço corten com ânforas olfativas feitas em vidro soprado, técnica que a artista abraçou desde 2016 e que continua a desenvolver  nos estúdios do Urban Glass em Nova York.  Cada ânfora recebe o nome do cheiro criado por Josely com o apoio da Givaudan do Brasil e da empresa Ananse. São eles: “Pimenta”, “Lacrimæ”, “Barricada”, “Anoxia”, “Poeira” e “Dama da Noite”. Este último, contudo, ganha uma sala especial no MnBA, na cor tonalidade carmim que, segundo a artista, remete à sensibilidade, à potência e força feminina, entendidas aqui como possível opção de mediação de conflitos.

Essa instalação é um comentário crítico de amplo espectro, que enaltece a capacidade de obstar-se e de se recobrar de intempéries sociais e políticas a partir de ações de resistência às contradições e violências sociais e institucionais cotidianas, segundo a artista.

A atual mostra é um desdobramento de “Teto de Vidro: Resiliência”, que foi exibida no ano passado no Museu de Arte Contemporânea – MAC USP e concorre, junto de outros cinco projetos, ao The Art and Olfaction Awards 2019, premiação internacional que celebra e premia artistas e perfumistas experimentais e independentes

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