Xico Chaves | Galeria Movimento

A  Galeria Movimento inaugura a mostra Solotransição de Xico Chaves. Serão exibidos trabalhos recentes e referenciais de sua trajetória, incluindo poemas visuais da década de 1970 até o momento. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Laís Denise Santana, a exposição será inaugurada com performance do artista, no dia 11 de setembro.
Na mostra, pinturas em grandes e pequenos formatos irão compor diálogos com poemas visuais e objetos, incluindo videoinstalação e performance do artista. As séries de pinturas e objetos intercalares refletem o trabalho de pesquisa e criação do artista com minerais, pigmentos naturais e resina acrílica produzidos no interior de minas de ferro e em atelier. Obras inéditas, como as séries de pinturas Teto Solar e Big Bang, os objetos Poemas Translúcidos e o site specific Anexo Vitrine Política/Fora do Ar compõem a mostra.
Convidado a criar uma obra específica para a Vitrine Movimento, Xico Chaves apresenta o Anexo Vitrine Política/Fora do Ar. Neste espaço, há um repertório que compreende passado e presente, evidenciando uma ferrenha crítica e um elaborado pensamento do artista sobre a sociedade contemporânea. Trata-se não apenas de uma obra instalativa mas, sobretudo, de uma integração cênica de obras criadas em diversos momentos, com forte cunho conceitual. Olhos na Justiça, presente no Anexo Vitrine Política/Fora do Ar, que existe hoje apenas como registro fotográfico, foi uma performance, interferência e instalação, planejada sigilosamente durante três meses, realizada na escultura A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Por ocasião do impeachment do presidente Fernando Collor, Xico Chaves colocou, sobre a venda que representa a imparcialidade, dois olhos vesgos, o que significou também o resgate da imagem da justiça como aquela que vê, uma vez que já estava em trânsito sua simbologia arquetípica como cega e imparcial, explica Laís Denise.
Segundo Fernando Cocchiarale, ao lado dessa vertente voltada para a investigação dinâmica da vida contemporânea, Xico concomitantemente tem produzido pinturas e objetos cujo silêncio difere da ruidosa fricção entre arte, palavra e mídia tão característica de sua obra.
“Toda a pintura do artista, desde as séries mais antigas – como as da Nova Matéria, da década de 80 − às mais recentes – como as da série Big Bang (2017), foi produzida com minerais, pigmentos naturais e resina acrílica com o intuito de tornar visíveis os materiais de que são feitas, de trazer à superfície da Terra, suas entranhas. Há aqui, sobretudo, a intenção de revelar essa potência invisível (posto que oculta) pelo simples ato de trazê-la à luz, tornando-a aparente (e acessível ao olhar). Por essas razões, a despeito de parecerem abstratos, esses trabalhos podem ser tomados, inversamente, como âncoras semânticas do processo criativo experimental de Xico Chaves. Tais pinturas e objetos, portanto, não buscam seu sentido nem na palavra, nem na imagem figurada, mas no teor semântico inerente aos materiais neles utilizados. Expostos numa ordenação compositiva mínima esses materiais parecem evocar simbolicamente um âmbito fundamental e permanente (mas não ontológico) que precede, e sobreviverá por milênios ao contexto histórico em que vivemos e onde hoje Xico decisivamente atua”, explica Cocchiarale.
PRINCIPAIS OBRAS EM EXPOSIÇÃO
Série de pinturas Teto Solar, Big Bang, Nova Matéria, Luz e Infinitos; os objetos Poemas Translúcidos, Forças Ocultas, Livro de Pedra, Corrupto e Corruptor etc. O vídeo solotransição, realizado em sua recente viagem às minas de ferro e pigmentos, com fragmentos de poemas visuais e sonoridades criadas em diversos períodos, será instalado na galeria em contraponto às obras expostas.

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