Miguel Gontijo | Espaço Cultural Vallourec

Trabalhar com vários elementos não é uma novidade na trajetória do artista plástico Miguel Gontijo. No lançamento do seu quinto livro – Axis Mundi – não vai ser diferente. Acompanhando a estreia do livro haverá uma exposição de desenhos e um bate-papo com o artista, mediado pelo professor e colecionador, Gladston Mamede. A abertura acontece no Espaço Cultural Vallourec, no dia 6 de agosto, às 18h, e o bate-papo terá início às 19h30. A exposição é gratuita e continua até 10 de setembro.

Segundo o artista, “Axis Mundi” (centro do mundo) representa suas referências, suas buscas e anseios para se tornar artista e cidadão. Aborda seu ambiente de trabalho, suas influências e sua obra, por meio da visão de vários intelectuais do país (ao todo 75 fragmentos de textos) ao longo de sua trajetória artística. O fio condutor do livro é uma conversa com o jornalista e escritor Fabrício Marques.

O artista reflete sobre sua obra no livro, dizendo: “Não me pergunte o que meus quadros significam. Eles são. Não têm significados, têm substância. O que disser deles será uma discrepância entre o dito e o feito. O que mostro é o irreproduzível, o inevitável, o infixável. Moral dessa história: nada sei sobre o olho, só sei olhar”.

O livro contém, também, uma ‘Conversa Eletrônica’ com o crítico e escritor Jacob Klintowitz; uma análise da obra do artista, pelo psicanalista e crítico de arte Augusto Nunes Filho; um ensaio fotográfico do ateliê de Miguel Gontijo, fotografado por Samuel Oliveira; obras de arte fotografadas por Gustavo Djalma; um conto escrito por Gontijo em 1986; e também poemas e textos, que revelam o mundo mágico do artista. O projeto gráfico foi executado por Clara Gontijo e teve a organização de Robson Soares. O patrocínio é da Vallourec e de Elaine Machado de Lima Soares.

Exposição

A exposição é composta de desenhos e aquarelas, feitos ao longo de vários anos, e também duas instalações. Uma delas é uma pesquisa que o artista fez das pichações e grafites dos muros do bairro Padre Eustáquio. Ele traspôs para as telas, imagens e frases encontradas nas ruas do bairro. Essas telas serão mostradas presas em pranchetas, como se fossem ainda um objeto de estudo. Essa série é chamada “Pelas Carnes de Padre Eustáquio”.  

A outra instalação é denominada “Vanitas Vanitatum, memento mori” (Vaidade das vaidades, lembre que tens que morrer). São 800 desenhos a bico de pena, feitos em formato dos retratos 3X4, montado na parede a semelhança dos ex-votos.

Para o curador da exposição, Robson Soares, Miguel Gontijo constrói e desconstrói imagens. É dono de uma pintura intertextual, com infinitas possibilidades de troca de sentidos entre a obra e os espectadores. “São jogos associativos de diferentes combinações de ideias. As telas são apenas inscrições de signos, sinais, traços, gestos, atitudes e corpos. Nascem de uma imagem (ou texto) coletada em jornais, revistas ou livros, e não se vive nela. São espaços que servem ao pensamento e à reflexão, desprovidos de moralismos e nostalgias”.

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