Marina Rheingantz | Galeria Fortes Vilaça

Terra Líquida é a quarta mostra individual de Marina Rheingantz na Galeria Fortes Vilaça. A artista apresenta pinturas inéditas de formatos variados, de muito grandes a bem pequenos, que operam no limiar da figuração. São paisagens mínimas que remetem a falésias, serras, mares, charcos, campos e terras caipiras, lugares visitados e inventados que se descolam do real e incorporam a geometria e a textura da pintura.
Em Terra Líquida (2016), trabalho que dá nome à exposição, emaranhados de poças d’água unificam a tela e
criam caminhos entre elementos reconhecíveis que sugerem um clube hípico. Com mais de quatro metros de
largura, é a maior pintura já executada por Marina, o que exigiu da artista um movimento constante de aproximação e distanciamento ao pintá-la, um movimento que se repete para o espectador. A composição sugere um processo de desconstrução de uma imagem com sucessivas camadas de pintura, resultando na reconstrução de uma memória.
No entanto, um olhar mais apurado revela o protagonismo da tinta no processo da artista. Marina não persegue
uma ideia narrativa – ela deposita sobre a tela camadas de pinceladas robustas, trabalhando a superfície e ouvindo a pintura. Ao escutar a cor e a tinta, a imagem se insinua e a artista segue, agora sim de encontro a uma possível narrativa. A imagem não é o começo e nem o fim, ela acontece no meio do caminho.
Nas pinturas sobre linho da série Bordados as cores de fundo ganham tratamento quadriculado, como nos
tecidos próprios para bordar, por meio de sutis alterações tonais e controladas pinceladas. Barras coloridas  introduzem aos poucos novas cores no trabalho, enquanto linhas grossas traçam padrões assimétricos e sugestivas paisagens distendidas.
A abertura é pontuada pelo lançamento do livro Terra Líquida (Editora Cobogó), abrangendo toda a produção da
artista, com ensaio assinado pelo crítico e curador Rodrigo Moura.

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