Estrangeiros na Coleção Roberto Marinho | Instituto Casa Roberto Marinho

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Casa Roberto Marinho abre coletiva com mais de 150 obras de artistas nascidos no exterior, incluindo grandes nomes como Dalí, De Chirico e Chagall

A Casa Roberto Marinho, que acaba de inaugurar exposição monográfica em torno da obra de Djanira da Motta e Silva, abrirá mais uma mostra no próximo dia 18, quinta-feira, às 19h. Com visitação pública a partir de 19 de julho, a coletiva “Estrangeiros na Coleção Roberto Marinho” apresentará mais de 150 obras de artistas nascidos no exterior, que o jornalista reuniu de modo assistemático, obedecendo às oportunidades que o acaso lhe proporcionava. Pinturas, esculturas, aquarelas, litogravuras, serigrafias e tapeçarias compõem a exposição curada por Lauro Cavalcanti, que ocupará todo o segundo andar do instituto até outubro.

Em “Estrangeiros na Coleção Roberto Marinho” predomina a pluralidade, diferente dos conjuntos anteriores já expostos na Casa. Aqui, o ‘sujeito’ é o próprio colecionador com múltiplos interesses. Nas suas palavras, “toda coleção privada expõe um ponto de vista pessoal, bem como a marca de preferências por vezes reveladoras dos diferentes momentos da trajetória”.

Como exemplo desse pluralismo, na primeira sala convivem o abstracionismo expressivo da tela ‘monopigmentária’ de Pierre Soulages, a leveza dos trabalhos de Marc Chagall, a pintura metafísica do greco-italiano De Chirico, as ilustrações surrealistas de Salvador Dali, a geometria festiva de Sonia Delaunay e os trabalhos pós-cubistas de Fernand Léger – este último, professor de Tarsila do Amaral. Telas seminais de Maria Helena Vieira da Silva, obra de Giuseppe Santomaso e a ‘pintura happening’ de George Mathieu completam o setor.

Nas demais salas, o público encontrará os guaches de Raoul Dufy e os riscos poéticos de Jean Cocteau. Tapeçarias e óleo de Jean Lurçat, ao lado das telas de Maurice Utrillo, André Lhote, Maurice Vlaminck, Fillipo de Pisis e Mela Mutter, contemplam um gosto mais clássico, ao passo que a obra de Félix Labisse obedece a uma filiação surrealista. Uma têmpera sobre tela marca a presença de Marie Laurencin, única mulher do grupo cubista Section d’Or e companheira do poeta Guillaume Appolinaire.

Os estrangeiros que adotaram o Brasil como lar também foram incluídos na exposição, a começar pelos desenhos a nanquim, do século XIX, de Giovanni Battista Castagneto. No século seguinte, muitos se impuseram como importantes vozes da arte brasileira. Lasar Segall, Tomie Ohtake, Franz Weissmann, Frans Krajcberg, Yutaka Toyota, Joaquim Tenreiro, Maria Polo, Manabu Mabe e Roberto Moriconi poderiam ser chamados de artistas brasileiros que nasceram no exterior.

Um setor especial da mostra contempla um olhar estrangeiro sobre o Brasil no século XIX: as litogravuras aquareladas de Jean-Baptiste Debret, do álbum “Voyage pictoresque au Brésil” ou “Séjour d’un artiste français au Brésil”. Nestes 93 trabalhos, o artista desempenha o papel de historiador, botânico, biólogo, zoólogo e etnógrafo. Alguns desses desenhos foram realizados na França, a partir de esboços colhidos aqui. Esse importante registro histórico nos oferece visões por vezes discutíveis, como a indumentária dos índios, e noutras embaraçantes, ao flagrar a extrema desigualdade do último país a abolir a escravidão.

“Estrangeiros na Coleção Roberto Marinho possibilita ao público ver originais de importantes artistas, raramente exibidos no Brasil, assim como permite reflexões sobre pertencimento e nacionalidade ao enfocar um pouco da história da arte europeia e seus desdobramentos entre nós”, comenta Lauro Cavalcanti, curador da mostra e diretor-executivo da Casa Roberto Marinho.

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